Saturday, July 14, 2007

GUSTAVO HADDAD

13 de julho - Dia de seu aniversário, Gustavo concede entrevista falando sobre sua vida, seu trabalho e seus planos.

Natural de Bauru, SP, já possui considerável curriculo. Atua em nove-las desde os 13 anos, e em teatro desde os 17.

Na televisão, atuou brilhantemente, dentre outros em O Direito de Nascer, Chiquititas, Malhação, A Padroeira, e Cidadão Brasileiro.

Dentre seus destaques no teatro, pode-se citar No Natal a Gente Vem te Buscar, O Mercador de Veneza e atualmente, HOJE É DIA DO AMOR, peça de João Silvério Trevisan, onde enfrenta um duplo desafio: fazer seu primeiro monólogo e de permanecer o tempo todo completamente nu e amarrado.

Como surgiu o convite para fazer a peça?

Através do Rodolfo e do João. Três outros atores já haviam recu-sado, e no primeiro instante minha resposta também foi “não”. Li o texto, gostei, mas era só o que eu tinha. Não havia uma referência, nada de concreto, e eu não tinha a menor idéia de como seria!

E o que o levou a aceitar?

Acima de tudo, o desafio, por ser um monólogo de 50 minutos, nos quais apenas EU estaria em cena, sem deixas, sem  detalhes que pudessem me conduzir através do texto. Sem um cenário, sem movimentos que pudessem me lembrar as falas de um determinado momento. Na verdade era pra ser bem mais. O texto original levaria mais de duas horas. Tivemos que cortar muita coisa, mesmo porque a peça ficaria muito monótona se tivesse uma duração maior. Mesmo assim havia esse receio.

E quais foram as maiores dificuldades?

O que mais dificultou foi o fato da peça estar em cartaz apenas um dia por semana. Ainda hoje repasso todo o texto todos os dias. Em segundo lugar, claro, a nudez, mas não o simples fato de estar nu, mas sim de estar nu de joelhos e acorrentando, por mais de uma hora e ainda mais com prendedores no pênis e tudo mais (risos). No início pensei: caralho, isso vai ficar exposto, vai ser um problema, como estarei alí, pelado, com um negócio preso no pênis? Mas depois do cenário pronto e toda a iluminação, passei a me sentir vestido.

Eu diria que além de tudo isso você precisou de muita coragem!

Hehehe! Todos me falam isso, mas encarei tudo numa boa.

O que seus amigos disseram? Como foi a reação dos seus familiares...? Eles vieram assistir a peça?

Sim, quer dizer, nem todos, mas todos os que vieram gostaram muito e foram unânimes em dizer que tive muita coragem.

E como foi a experiência de fazer um personagem tão diferente, e por que não dizer difícil e complexo? Sem falar que se trata de um assunto polêmico, e de abordar um mundo desconhecido e cheio de preconceitos.

Foi bom! Está sendo muito bom! Pra mim é tudo muito novo também. Quanto ao tema “sado-masoquismo” tive que ler, estudar e pesquisar muito em livros que abordam o assunto. E quanto ao tema michê, eu fiz uma “pesquisa de campo”. Falei com alguns garotos de programa, colhi informações... Eu não tenho pudor em relação ao personagem e muito menos imponho limites à minha carreira, como muitos outros atores o fazem. Na minha opinião, o personagem não tem isso. O meu corpo na verdade é um mero instrumento para o personagem. Não preciso julgá-lo pra poder fazê-lo. Não preciso concordar com as atitudes dele. Simplesmente eu "empresto" meu corpo.

Há algum tipo de preparação para a peça, quero dizer, antes e/ou depois da apresentação?

Sim! Antes, muita concentração e aquecimento. Depois, muito alon-gamento. Estar mais de uma hora de joelhos, fazendo todos aquele movimentos bruscos me deixariam quebrado no dia seguinte.

Você sabe que 90 % do público que vem assistir à peça é composto de homossexuais. Como você vê isso?

Só 90? Hehehehe! Natural! Já esperava! Não me importo.

Como você vê as angústias da vida moderna abordadas na peça?

Sempre existiram! Enquanto a sociedade for repressora, essas angústias sempre existirão. O mais grave é que as pes-soas se recusam a até comentar sobre alguns assuntos e o que é pior, condenam. Na peça, o público fica chocado logo no início, pois é uma cena chocante.

E como você vê a dor no sentido da mesma ser capaz de proporcionar, ao mesmo tempo, prazer?

A dor existe, não no sentido fisiológico, mas no sentido mais amplo. Por isso, acabamos por vezes nos acostumando com ela e nos preocupando com outras que vão surgindo. A dor é necessária! Temos que aprender a lidar com ela. Sempre depois da dor vem o prazer. O prazer acaba tendo mais sentido e aparentemente acaba sendo, ou parecendo ser melhor e maior. A dor e o sofrimento humano estão muito banalizados hoje em dia. As pessoas não se importam com mais nada. Alguém arrasta um menino por sete kilômetros, sai no jornal e todo mundo já esqueceu. Não ligam mais pela dor alheia. Meu personagem passa o tempo todo tentando controlar a dor. ele tem o controle total emocional e racional da dor. O público, ao se deparar com o sofrimento de uma pessoa fria e calculista, irá rever conceitos, o que é a dor e o que realmente faz sofrer.

Li uma entrevista sua, concedida à G Magazine, logo que a peça entrou em cartaz, na qual você dizia que não pousaria nu. Mas agora, depois de todo esse processo de amadurecimento, você já levaria em consideração essa hipótese?

Não! Minha resposta continua sendo a mesma. Na peça, por mais que eu esteja nu, me sinto vestido, pois é um personagem. Na revista ou em qualquer outro lugar, seria eu, literalmente exposto. Não faz muito a minha cabeça estar numa revista nu, me exibindo de todas as formas possíveis. Isso não me ajudaria em nada, nem pessoalmente e muito menos profissionalmente.

Houve alguma evolução/mudança na sua atuação ao longo das apresentações? Como se sente agora?

Nossa, com certeza! Não só na segurança que agora eu tenho, mas na liberdade e desenvoltura de atuar em cima do personagem, sem medos, receios, pudores... Estou muito mais à vontade agora.

É notória a mudança radical no seu físico, desde as primeiras apresentações (massa muscular, raspagem de pelos...) Não teriam sido uma forma de se mascarar um pouco mais?

Claro que não! Bem, quanto à massa muscular, achei que seria melhor, já que ganho e perco massa muito fa-cilmente e rapidamente. Já a raspagem dos pelos constava no texto. Eu que antes estava exitando um pouco.

Você sabe que além da beleza física, você tem um enorme carisma, e que dá vida própria ao personagem. Você tem se tornado uma referência. O mesmo não teria acontecido com um ator japonês ou negro. Você sente essa respon-sabilidade? Como encara isso?

Sei que isso ocorre e não me agrada muito. O problema é que as pessoas criaram um padrão de beleza voltado para o estilo europeu. E eu me enquadro nesse estilo (pele clara, olhos claros...). Com certeza um ator negro ou japonês não teria a mesma aceitação. Na realidade é tudo muito diferente. Dificilmente você encontra michês com esse padrão de beleza, como o meu, eleito pela sociedade. Muito pelo contrário.

Algo mais mudou em você depois desse trabalho: vida pessoal, profissional, social, valores, preconceitos...?

Muito! Profissional, pela experiência que tem sido enorme. Pessoal, pela satisfação de estar conhecendo um mundo que era completamente desconhecido, o que muda de certa forma a maneira de ver tais problemas. Social, não tenho visto uma grande mudança. Na verdade, sinto agora que as pessoas sentem um receio maior de se aproximar. Todos os dias, ao terminar o espetáculo, fico na entrada do teatro dando um tempo antes de ir embora, e percebo que as pessoas me olham, sentem vontade de se aproximar, mas se mantêm distantes.

Qual a sua opinião sobre o homossexualismo e o casamento entre pessoas do mesmo sexo?

Não tenho absolutamente nada contra. Pelo contrário. Meus melhores amigos são homossexuais. Em relação ao casamento, acho mais é que todos têm que ser felizes da maneira como bem entenderem. Têm todo o meu apoio.

Já tem planos para o futuro?

Sim. Depois de julho farei duas apresentações em Porto alegre, encer-rando a temporada de HOJE É DIA DO AMOR.

Que pena! risos.......

Hehehehehehehe! Logo em seguida começo a ensaiar Macbeth.

É muito assediado por homens? Já rolou alguma cantada? Como reagiu ou reagiria?

Muitas! risos... Sem problemas. risos... Acho normal.

Você se acha um homem bonito? O que mais te agrada em você?

Me acho normal. Gosto muito dos meus olhos.

Sabe admirar um homem bonito? Quem você apontaria como homem bonito?

Sim, com certeza. Há muitos homens bonitos. Puta, sei lá! Brad Pitt... (e você! hehehehehehe)

Hehehehehehehehehe! Um defeito.

Não sei se é um defeito ou uma qualidade, mas não gosto de esperar. Sou pontual. Como não gosto de esperar, também não gosto de atrasar.

Uma qualidade.

Eu me preocupou com o bem-estar das pessoas. Sou generoso, gosto de ver que as pessoas à minha volta estão bem.

O que te excita? O que não pode faltar numa tranza? Tem alguma posição preferida?

O olhar! O beijo não pode faltar. Não tenho uma posição preferida. Todas são boas, desde que você esteja se satis-fazendo.

Uma fantasia? Já realizou?

Tenho várias e já realizei várias! risos... Deixa eu ver... Uma vez fiz uma tranza em grupo, com várias pessoas. Foi muito bom.

Qual a sua formação?

Comecei a fazer Teatro, mas parei. Por enquanto, só o colegial.

Tem alguma religião?

Não.

Um perfume?

Issey Miyake.

Marca de cueca e modelo?

Qualquer uma, desde que seja de algodão.

Defina o Gustavo.

Sou um cara aberto, sem preconceitos e muito amigo das pessoas, principalmente das que gosto. Me realizo fazendo o que gosto. Sou muito simples, expontâneo, sem frescuras, e... é isso!

Que mensagem deixaria para todos os que te admiram?

Aqueles que ainda não viram a peça, vejam. E reflitam!

O que achou das perguntas?

Gostei! Gostei muito. Até agora só me fizeram perguntas perti-nentes à peça, e você me fez perguntas à meu respeito, ao meu trabalho... Gostei muito! Muito mesmo! Valeu.

Obrigado Gustavo. Eu é que agradeço. Desejo, além de mais e mais sucesso, um super aniversário. Beijo no coração.

Do amigo Antonio.

3 comments:

Unknown said...

Gostaria de parabenizar, primeiro Gustavo Haddad, pelo grande talento e pela coragem. Assisti à peça e achei maravilhosa sua atuação.

Em segundo lugar, quero parabenizar a você, Antonio, pela realização dessa entrevista. Já li varias com o Gustavo, mas nenhuma tão completa e direta. Tem tudo aquilo que gostaríamos de perguntar. Parabéns também pelo blog, que está maravilhoso. Eu o acesso todos os dias.

Parabéns!

Anonymous said...

Eu gosto do Gustavo Haddad desde a época que ela fazia o Colégio Brasil contracenando com a Ana Kutner!! A última vez que a vi na TV foi em Malhação, mas acho que não é muito a cara do Gustavo fazer Malhação! Enfim, e o mlehor de tudo foi saber que ele fez aniversário no mesmo dia que eu!!

Eu mereço uma foto em off com ele né??
Se quiser mostro meu RG no Satyros pra vcs verem que eu não estou mentindo!

Um Beijo

Estarei lá pra conferir a peça com certeza!!

Anonymous said...

Gustavo é muito lindo principalmente na novela canavial de paixões cinseramente ele é um gatoEsta mensagem foi enviada por Tamy love.