revela seu imenso talento e coragem vivendo um michê de luxo que celebra com sua dor a Quinta-feira Santa, depois de saber que um antigo amor se suicidou na mesma data. Para isso, ele perma-nece no palco o tempo inteiro nu e acorrentado em uma cruz.
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O trio, João Silvério Trevisan (autor), com a direção do pernambu-cano Antônio Cadengue e a arrebatadora e irrepreensível perfor-mance do GUSTAVO HADDAD fazem desse espetáculo um dos melhores, se não o melhor, dos últimos tempos na noite paulista.
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Escrito por João Silvério Trevisan, o monólogo aborda angústias da vida pós-moderna, em que "o homem vive constantemente de dor – por existir, por sentir prazer em atividades socialmente questioná-veis ou por querer ter algo que não tem".
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João Silvério Trevisan, autor de pérolas da literatura brasileira, como "Devassos no Paraíso", "Ana em Veneza", "Em Nome do De-sejo" e tantas outras mais. Ele ainda a coluna "OLHO POR OLHO" na revista G MAGAZINE e leciona técnica literária.
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Antônio Cadengue, diretor pernambucano do mais alto quilate, re-centemente adaptou para os palcos o texto do livro "Em Nome do Desejo", também do Trevisan, que excursionou pelo Brasil com grande elenco.
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Gustavo Haddad, bem, nem preciso falar. Já tinha se revelado um ótimo ator , tanto na televisão como no teatro. Mas tenho que dizer que aqui ele se superou e muito. Seu corpo escultural e APOLÍNEO certamente abrilhanta ainda mais a montagem, o que de fato passa até ser relevante, dada a maneira como o texto é dito, sussurrado e em outros momentos, gritado.
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A platéia LOTADÍSSIMA, até porque foi feita uma matéria para a revista G Magazine, na qual Gustavo aparecia sem roupa, amarrado numa cruz de ferro e, é claro que para os menos esclarecidos, tratava-se, talvez, de um espetáculo pornô. Grande engano!
A platéia LOTADÍSSIMA, até porque foi feita uma matéria para a revista G Magazine, na qual Gustavo aparecia sem roupa, amarrado numa cruz de ferro e, é claro que para os menos esclarecidos, tratava-se, talvez, de um espetáculo pornô. Grande engano!
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Já ao entrar na sala de espetáculos, o público passa a ficar meio constrangido, porque encontra um imenso espelho no palco, e tem a sensação de que estará sendo mostrada a "face oculta" de cada um. Nem imaginam o que os aguarda. Começa o espetáculo e os espelhos de abrem, revelando o ator NU, apenas calçando botas, de joelhos, como se suplicasse algo do público, amarrado a uma cruz de ferro, pelos pulsos, apresentando como atributo de cenografia, os maravilhosos painéis do artista plástico Paulo Sayeg.
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Trava-se então um diálogo entre o escravo e o seu master (o seu senhor), deixando despida toda a fragilidade e o sofrimento, tão presente em nós, seres humanos. Trevisan se utiliza da metáfora do Universo Sado-Masoquista para construir um diálogo do HOMEM FRÁGIL E MORTAL com "UM DEUS" ETERNO e TODO-PODEROSO! 10 minutos de texto CONTUNDENTE e que vai DESNUDANDO também a paixão, a dor, o sofrimento, as dúvidas, a religião, a fé e abordando temas profundos como a aods, a morte, a ética, a prostituição, o dinheiro, a felicidade, ... quando a platéia começa a ficar inquieta. Alguns não param de acionar o mostrador luminoso do seu relógio, pois a maioria, infelizmente, não consegue compartilhar dessa "VIAGEM PELO MUNDO DA NOSSA INCOMPLETUDE". Percebem não se tratar mesmo de um espetáculo pornô. Infelizmente muitas érolas são jogadas aos porcos.
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Certas atitudes, consideradas moralmente condenáveis, nos levam ao nosso submundo interior, para realizarmos nossos desejos e suprirmos nossas dores, mesmo que, pra isso, ainda tenhamos que sentir mais dor. Ninguém consegue sair do teatro sem ter sido chacoalhado nas suas dúvidas, dores e pensamentos.
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A peça "Hoje é Dia do Amor" esteve em cartaz Espaço Satyros 1, na Pç Roosevelt, região central de São Paulo. Infelizmente acabou a temporada, mas tenho certeza de que logo logo estará de volta.
A peça "Hoje é Dia do Amor" esteve em cartaz Espaço Satyros 1, na Pç Roosevelt, região central de São Paulo. Infelizmente acabou a temporada, mas tenho certeza de que logo logo estará de volta.
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3 comments:
Eu assisti a peca ontem e sinceramente foi muito diferente do que eu esperava, depois de ler esse comentario no seu blog.
Eu tinha uma percepcao de que a peca seria mais sobre relacionamentos e religiao, e nao sobre a necessidade de um ser humano de recorrer a dores maiores para superar dores passadas.
A impressao que eu tinha era que com a dor causada pela morte do seu amor na quinta feira santa, o miche iria mudar de vida. Mas estava totalmente errado - a peca foi muito mais ousada e explorou a questao do sadomasoquismo de uma maneira muito interessante.
A atuacao do Gustavo entao foi perfeita. Em uma das cenas ele diz que algo era "bonito e feio ao mesmo tempo." Eu acho que isso e' a melhor frase pra explicar o que eu achei sobre o Gustavo nessa peca. Um ator que se consagra cada vez mais, totalmente nu, mas a dor que ele passava (nao so' a fisica, mas a mental tambem) era tao intensa que fazia com o publico esquecesse a beleza fisica e se concentrasse nas angustias da vida moderna em que todos vivemos de uma maneira ou de outra.
Essa peca nao e' para qualquer um, mas se voce tiver mente aberta pra realmente entender a mensagem da peca, vale a pena assistir.
Segui sua dica e fui ver a peça. Cara, vc teinha razão! Vou ser sincero: não gostei. ADOREI. Gustavo dá um show de interpretação. Quero ver novamente. Vou recomendar a amigos. Estranho não haver divulgação. Só fiquei sabendo porque visitei o seu blog. Valeu.
O trio , João Silvério Trevisan (autor) , com a direção do pernambucano Antônio Cadengue e a arrebatadora e irrepreensível performance do ator GUSTAVO HADDAD , me deixaram estupefato !!! Há muito não ficava tão mexido e emocionado com um espetáculo teatral .
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