Friday, August 31, 2007

LORENZO MARTIN

Possuidor de inigualável carisma, LOREN-ZO MARTIN tem atraído grandes platéias com sua brilhante atuação em Tristão e Isolda, peça de Vladimir Capella.
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A lenda medieval, mais conhecida a partir da ópera de Richard Wagner (1813-1883), ganhou uma releitura dirigida aos ado-lescentes. Vinte e oito atores encenam a história do triste cavaleiro cuja vida foi marcada por tragédias desde o nasci-mento. Estreou em março e até o momento tem tido lotação máxima em todas as apresentações.
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Mesmo em meio a muitos compromissos, Lorenzo reservou um tempinho pra falar um pouco da sua atuação em Tristão e Isolda, da sua carreira, projetos e claro, de si próprio.
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Como surgiu o Lorenzo?
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Surgiu de uma somatória de fatores, como: sonhos, determinação, a-mor, idealizações e aprendizado – um aprendizado diário, no sentido de melhorar e lapidar – dessa auto-lapidação dessa busca que o ser-humano tem de melhorar.
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Com certeza você já teve outras experiências no teatro!?
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Como ator? Dez anos! risos É! Geralmente eu faço uma média de dois espetáculos profissionais por ano. Já me enfiei em fazer muita coisa. Já me desafiei bastante.
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E na televisão?
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Na televisão, estou agora gravando uma novela chamada Dance Dance Dance, na Rede Bandeirantes. Estréia em outubro – começo de outubro. É uma novela musical.
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E como surgiu essa oportunidade?
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Algumas pessoas passaram no teste, e eu também passei. Fiz minha inscrição pela internete – não tenho “quem indique”, então foi na raça! sorrisos...
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risos “quem indique”? E você vai cantar, dançar...?
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É! Na verdade vou fazer um cantor lá na estória.
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E como surgiu Tristão e Isolda?
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Então! Na época saiu um edital no jornal (não me lembro qual) e eu levei meu curriculum pra seleção. Havia uns 500 (ou 600) candidatos pra seleção, e aí foi apurando, apurando...
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Eu já tinha trabalhado com o diretor do espetáculo, no Gato Ma-lhado... no qual agente ganhou muitos prêmios, e no dia que eu fui assistir ao espetáculo (sem o Tristão) ele me fez o convite. Foi logo depois que o Gustavo Haddad entrou – o Gustavo, na época, também estava fazendo o teste como Tristão. Ele chegou pra mim e per-guntou: “vamos experimentar fazer com você? Topa? Dá pra encarar?” e eu disse “vamos!” risos...
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Eu tinha lido o texto um dia antes e – na verdade, eu já conhecia Tristão e Isolda, mas aí eu fui atrás. Fui atrás da obra (da obra mais fiel, de algumas versões, do filme...). Foi assim! risos...
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Você, com certeza não teve nenhuma dificuldade pra interpretar o Tristão!?
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Ah tive! Na verdade tenho! Emocionalmente tenho até hoje. Não só emocionalmente, mas fisicamente também. Há todo um preparo, uma alquimia, um perfume, e às vezes passa do ponto ou falta um pouquinho. Tenho muitos desafios, principalmente em relação ao amor. Tristão é um personagem que ama acima de tudo, dos princípios, das convicções...
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Já que você tocou nesse assunto, voltando à estória em si, é possível viver sem a paixão?
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Não! Não! Sem nenhum tipo de paixão, não!
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E como você vê a relação amor-paixão-morte?
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Então! Amor-paixão-morte eu vejo como a natureza, uma ciosa natural. A pai-xão, com certeza, tem um começo, uma vida, um final – uma morte. O amor se transforma, se manifesta de várias maneiras, e a morte, bem, a gente está com ela a todo momento. Hoje eu já não sou a pessoa que fui ontem. Ontem eu fui um Lorenzo, hoje sou outro, e amanhã, outro. Acredito nisso, assim, não vejo a morte como um fim, e sim como uma mudança, uma transformação.
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Nietzsche, em uma de suas obras, escreveu que “por amor vale tudo, até mesmo morrer”. Como você vê isso?
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Eu adoro Nietzsche! Tem gente que acha que ele... bem... Vale! Vale a pena! Vale a pena sim. Por amor vale a pena, mas é difícil. Na pele dói pra caramba. A gente fala na teoria, mas na hora que você experimenta, você vê que o amor como um pacote, um universo, onde vem o sofrimento, a insegurança, a paixão, o lado sexual, um monte de coisas que você tem que administrar dia após dia, minuto por minuto, e é totalmente difícil.
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Às vezes a gente bate a cabeça, faz umas bobeiras... sorrisos
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No texto original da obra de Wagner, há uma frase que diz que “o amor pode fazer a vida se prolongar, mas é a paixão que faz a vida andar”. O que você diz disso?
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Que bonito!!! emocionado... Engraçado, eu não sabia disso. Já ouvi, mas nunca soube da tradução. Tenho um amigo que gosta muito de ópera, e sempre tenho um contato grande com a música. Muito bonito isso! Onde você viu?
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Eu tenho um DVD da obra Tannhäuser Overture de Wagner que traz a tradução.
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Você lembra qual é a versão?
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Não. Agora não saberia te dizer, mas posso te falar depois. Posso te emprestar.
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Ah, quero sim. Quero ver. Bom, é isso mesmo. É como... É difícil dar exemplos materiais, falando assim, metaforicamente, mas é como o carro, o combustível e a roda. O pneu seria a paixão, que vai se desgastando, ou não, o pneu é o amor, e o combustível é a paixão, em fim, é uma coisa que a gente precisa reinventar sempre, né!? É uma coisa que eu acho que é natural nossa, e tem outras coisas que acabam vindo juntas, até o próprio ódio! Não acho que o ódio seja algo tão obstante do amor e da paixão, pelo contrário.
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Você é muito sensível! Muito romântico! Seria essa sua sensibilidade que te dá inspiração pra interpretar Tristão?
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Não sei! Sei que sinto muito o personagem. Mas não sei se está sendo tão bom assim, não!!!
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Você sabe que sim! Tem sido muito bom. Muito bom mesmo! Eu diria até que hoje foi a sua melhor atuação. Algumas frases suas foram ditas com mais vida, mais emoção.
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Puxa! Que bom! Bem, tem outras coisa na vida que acontecem e que interferem no nosso trabalho, problemas fora do teatro, e às vezes você não se entrega totalmente. Hoje eu não achei que tivesse sido o melhor dia, mas, que bom que você gostou.
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Como você vê o trabalho do ator hoje em dia? Você acha que ainda há aquele preconceito na sociedade?
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Sim, não tanto, mas tem sim. É muito difícil. Eu não tenho esse problema, mas vejo isso sim. No fundo eu acho que esse preconceito vem muito também do próprio ator. Se você tem preconceito com aquilo que você está fazendo, automaticamente as pessoas também terão. É uma energia que você emite, assim. Eu já tive esse preconceito comigo mesmo. Hoje não. E hoje as pessoas me aceitam muito mais.
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Dentre todos os seus papeis, qual foi o mais difícil?
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O mais difícil é sempre o que eu estou fazendo.
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Tristão é um personagem difícil?
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Acho! Há um ano atrás eu achava que era o Rouxinol, um personagem que eu fazia em O Gato Malhado. Há um ano e meio atrás eu achava que era o Lorenzo que eu fazia no Mercador de Veneza. Caramba! Já trabalhei em outras produções fazendo papeis como Che Quevara e outros. O legal de tudo é você estudar o personagem, criar, dar vida... Difícil é você manter isso tudo, não deixando que fique tudo meio que mecânico, automático. A gente tem que manter a emoção, a vida do personagem. É por isso que cada dia é uma nova apresentação. Elas não se repetem.
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A temporada de Tristão e Isolda foi estendida pra novembro. Há ainda algum outro projeto além de Tristão e Isolda e da novela?
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Ah, tem muita coisa né!? Mas pra esse ano não. Esse ano que quero fazer a novela muito bem feita, porque eu vou representar uma classe GLS, e meu personagem tem toda uma construção que a gente fez, visando o lado humanitário, o lado sensível, desmistificando o lado negativo, e então que quero me dedicar ao máximo nele, nessa coisa ao mesmo tempo masculina e sensível. Há muito preconceito ainda e eu estou investindo muito nisso. Eu me entrego a todos eles (aos personagens! risos.....).
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risos.... Qual é a sua formação?
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Eu fiz Artes Cênicas na Fundação das Artes em 97. Bem, aos 15 e 16 anos eu já fazia teatro amador. Fiz Canto Erudito também na Fundação das Artes em 2002. Fiz Comunicação e Arte na PUC, aliás, tranquei a matrícula pra fazer O Gato Malhado e não voltei ainda. Faço aula de canto semanalmente e dança quatro ou cinco vezes por semana.
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Todos vocês, os rapazes da peça são bem sarados. Você se considera bonito?
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Não! risos.... Verdade! Eu me gosto mas não me admiro.
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Vaidoso?
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Sou um pouco!
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Tem uma religião?
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Acredito nas coisas intuitivas, em Deus e nas pessoas!
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Uma qualidade?
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Determinação.
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Um defeito?
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Sou teimoso.
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Um perfume?
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Cara, sou louco por perfume. No momento, Select da Hugo Boss. Perfume é meu ponto fraco. Perfume e chocolate. risos....
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Que mensagem você gostaria de deixar para as pessoas que te admiram?
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risos... Ah caramba! ...pensando... Que possa representar pra essas pessoas que me admiram um consciente coletivo, de que vou con-tinuar fazendo meu trabalho e transmitindo ciosas positivas, como amor, paixão, esperança...
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Defina pra mim o Lorenzo:
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Não sei! Uma constante mutação. Cara, se eu soubesse eu juro por Deus que eu falaria pra você. Eu também não sei, e estou nesse processo de... risos... eu sei o que gosto, o que eu quero e o que eu não quero pra mim.
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O que achou das perguntas?
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Muito inteligentes. Eu espero que sirvam pra que as pessoas cresçam mais através das respostas, tanto pessoas em geral como atores, em fim... Eu sempre tive admiração por muitas pessoas e sempre cresci muito com elas. A gente cresce muito por exemplos.
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Posso ver as fotos que você tirou? Gosto de ver.
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Quer ver?
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Ham ham! Ficaram boas.
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Lorenzo, muito obrigado por ter concedido essa entrevista, por ter me recebido, gasto seu tempo. Muito obrigado mesmo.
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Eu é que agradeço. Foi muito bom. Me descontraí bastante.
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Beijo no coração.


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Saturday, July 14, 2007

GUSTAVO HADDAD

13 de julho - Dia de seu aniversário, Gustavo concede entrevista falando sobre sua vida, seu trabalho e seus planos.

Natural de Bauru, SP, já possui considerável curriculo. Atua em nove-las desde os 13 anos, e em teatro desde os 17.

Na televisão, atuou brilhantemente, dentre outros em O Direito de Nascer, Chiquititas, Malhação, A Padroeira, e Cidadão Brasileiro.

Dentre seus destaques no teatro, pode-se citar No Natal a Gente Vem te Buscar, O Mercador de Veneza e atualmente, HOJE É DIA DO AMOR, peça de João Silvério Trevisan, onde enfrenta um duplo desafio: fazer seu primeiro monólogo e de permanecer o tempo todo completamente nu e amarrado.

Como surgiu o convite para fazer a peça?

Através do Rodolfo e do João. Três outros atores já haviam recu-sado, e no primeiro instante minha resposta também foi “não”. Li o texto, gostei, mas era só o que eu tinha. Não havia uma referência, nada de concreto, e eu não tinha a menor idéia de como seria!

E o que o levou a aceitar?

Acima de tudo, o desafio, por ser um monólogo de 50 minutos, nos quais apenas EU estaria em cena, sem deixas, sem  detalhes que pudessem me conduzir através do texto. Sem um cenário, sem movimentos que pudessem me lembrar as falas de um determinado momento. Na verdade era pra ser bem mais. O texto original levaria mais de duas horas. Tivemos que cortar muita coisa, mesmo porque a peça ficaria muito monótona se tivesse uma duração maior. Mesmo assim havia esse receio.

E quais foram as maiores dificuldades?

O que mais dificultou foi o fato da peça estar em cartaz apenas um dia por semana. Ainda hoje repasso todo o texto todos os dias. Em segundo lugar, claro, a nudez, mas não o simples fato de estar nu, mas sim de estar nu de joelhos e acorrentando, por mais de uma hora e ainda mais com prendedores no pênis e tudo mais (risos). No início pensei: caralho, isso vai ficar exposto, vai ser um problema, como estarei alí, pelado, com um negócio preso no pênis? Mas depois do cenário pronto e toda a iluminação, passei a me sentir vestido.

Eu diria que além de tudo isso você precisou de muita coragem!

Hehehe! Todos me falam isso, mas encarei tudo numa boa.

O que seus amigos disseram? Como foi a reação dos seus familiares...? Eles vieram assistir a peça?

Sim, quer dizer, nem todos, mas todos os que vieram gostaram muito e foram unânimes em dizer que tive muita coragem.

E como foi a experiência de fazer um personagem tão diferente, e por que não dizer difícil e complexo? Sem falar que se trata de um assunto polêmico, e de abordar um mundo desconhecido e cheio de preconceitos.

Foi bom! Está sendo muito bom! Pra mim é tudo muito novo também. Quanto ao tema “sado-masoquismo” tive que ler, estudar e pesquisar muito em livros que abordam o assunto. E quanto ao tema michê, eu fiz uma “pesquisa de campo”. Falei com alguns garotos de programa, colhi informações... Eu não tenho pudor em relação ao personagem e muito menos imponho limites à minha carreira, como muitos outros atores o fazem. Na minha opinião, o personagem não tem isso. O meu corpo na verdade é um mero instrumento para o personagem. Não preciso julgá-lo pra poder fazê-lo. Não preciso concordar com as atitudes dele. Simplesmente eu "empresto" meu corpo.

Há algum tipo de preparação para a peça, quero dizer, antes e/ou depois da apresentação?

Sim! Antes, muita concentração e aquecimento. Depois, muito alon-gamento. Estar mais de uma hora de joelhos, fazendo todos aquele movimentos bruscos me deixariam quebrado no dia seguinte.

Você sabe que 90 % do público que vem assistir à peça é composto de homossexuais. Como você vê isso?

Só 90? Hehehehe! Natural! Já esperava! Não me importo.

Como você vê as angústias da vida moderna abordadas na peça?

Sempre existiram! Enquanto a sociedade for repressora, essas angústias sempre existirão. O mais grave é que as pes-soas se recusam a até comentar sobre alguns assuntos e o que é pior, condenam. Na peça, o público fica chocado logo no início, pois é uma cena chocante.

E como você vê a dor no sentido da mesma ser capaz de proporcionar, ao mesmo tempo, prazer?

A dor existe, não no sentido fisiológico, mas no sentido mais amplo. Por isso, acabamos por vezes nos acostumando com ela e nos preocupando com outras que vão surgindo. A dor é necessária! Temos que aprender a lidar com ela. Sempre depois da dor vem o prazer. O prazer acaba tendo mais sentido e aparentemente acaba sendo, ou parecendo ser melhor e maior. A dor e o sofrimento humano estão muito banalizados hoje em dia. As pessoas não se importam com mais nada. Alguém arrasta um menino por sete kilômetros, sai no jornal e todo mundo já esqueceu. Não ligam mais pela dor alheia. Meu personagem passa o tempo todo tentando controlar a dor. ele tem o controle total emocional e racional da dor. O público, ao se deparar com o sofrimento de uma pessoa fria e calculista, irá rever conceitos, o que é a dor e o que realmente faz sofrer.

Li uma entrevista sua, concedida à G Magazine, logo que a peça entrou em cartaz, na qual você dizia que não pousaria nu. Mas agora, depois de todo esse processo de amadurecimento, você já levaria em consideração essa hipótese?

Não! Minha resposta continua sendo a mesma. Na peça, por mais que eu esteja nu, me sinto vestido, pois é um personagem. Na revista ou em qualquer outro lugar, seria eu, literalmente exposto. Não faz muito a minha cabeça estar numa revista nu, me exibindo de todas as formas possíveis. Isso não me ajudaria em nada, nem pessoalmente e muito menos profissionalmente.

Houve alguma evolução/mudança na sua atuação ao longo das apresentações? Como se sente agora?

Nossa, com certeza! Não só na segurança que agora eu tenho, mas na liberdade e desenvoltura de atuar em cima do personagem, sem medos, receios, pudores... Estou muito mais à vontade agora.

É notória a mudança radical no seu físico, desde as primeiras apresentações (massa muscular, raspagem de pelos...) Não teriam sido uma forma de se mascarar um pouco mais?

Claro que não! Bem, quanto à massa muscular, achei que seria melhor, já que ganho e perco massa muito fa-cilmente e rapidamente. Já a raspagem dos pelos constava no texto. Eu que antes estava exitando um pouco.

Você sabe que além da beleza física, você tem um enorme carisma, e que dá vida própria ao personagem. Você tem se tornado uma referência. O mesmo não teria acontecido com um ator japonês ou negro. Você sente essa respon-sabilidade? Como encara isso?

Sei que isso ocorre e não me agrada muito. O problema é que as pessoas criaram um padrão de beleza voltado para o estilo europeu. E eu me enquadro nesse estilo (pele clara, olhos claros...). Com certeza um ator negro ou japonês não teria a mesma aceitação. Na realidade é tudo muito diferente. Dificilmente você encontra michês com esse padrão de beleza, como o meu, eleito pela sociedade. Muito pelo contrário.

Algo mais mudou em você depois desse trabalho: vida pessoal, profissional, social, valores, preconceitos...?

Muito! Profissional, pela experiência que tem sido enorme. Pessoal, pela satisfação de estar conhecendo um mundo que era completamente desconhecido, o que muda de certa forma a maneira de ver tais problemas. Social, não tenho visto uma grande mudança. Na verdade, sinto agora que as pessoas sentem um receio maior de se aproximar. Todos os dias, ao terminar o espetáculo, fico na entrada do teatro dando um tempo antes de ir embora, e percebo que as pessoas me olham, sentem vontade de se aproximar, mas se mantêm distantes.

Qual a sua opinião sobre o homossexualismo e o casamento entre pessoas do mesmo sexo?

Não tenho absolutamente nada contra. Pelo contrário. Meus melhores amigos são homossexuais. Em relação ao casamento, acho mais é que todos têm que ser felizes da maneira como bem entenderem. Têm todo o meu apoio.

Já tem planos para o futuro?

Sim. Depois de julho farei duas apresentações em Porto alegre, encer-rando a temporada de HOJE É DIA DO AMOR.

Que pena! risos.......

Hehehehehehehe! Logo em seguida começo a ensaiar Macbeth.

É muito assediado por homens? Já rolou alguma cantada? Como reagiu ou reagiria?

Muitas! risos... Sem problemas. risos... Acho normal.

Você se acha um homem bonito? O que mais te agrada em você?

Me acho normal. Gosto muito dos meus olhos.

Sabe admirar um homem bonito? Quem você apontaria como homem bonito?

Sim, com certeza. Há muitos homens bonitos. Puta, sei lá! Brad Pitt... (e você! hehehehehehe)

Hehehehehehehehehe! Um defeito.

Não sei se é um defeito ou uma qualidade, mas não gosto de esperar. Sou pontual. Como não gosto de esperar, também não gosto de atrasar.

Uma qualidade.

Eu me preocupou com o bem-estar das pessoas. Sou generoso, gosto de ver que as pessoas à minha volta estão bem.

O que te excita? O que não pode faltar numa tranza? Tem alguma posição preferida?

O olhar! O beijo não pode faltar. Não tenho uma posição preferida. Todas são boas, desde que você esteja se satis-fazendo.

Uma fantasia? Já realizou?

Tenho várias e já realizei várias! risos... Deixa eu ver... Uma vez fiz uma tranza em grupo, com várias pessoas. Foi muito bom.

Qual a sua formação?

Comecei a fazer Teatro, mas parei. Por enquanto, só o colegial.

Tem alguma religião?

Não.

Um perfume?

Issey Miyake.

Marca de cueca e modelo?

Qualquer uma, desde que seja de algodão.

Defina o Gustavo.

Sou um cara aberto, sem preconceitos e muito amigo das pessoas, principalmente das que gosto. Me realizo fazendo o que gosto. Sou muito simples, expontâneo, sem frescuras, e... é isso!

Que mensagem deixaria para todos os que te admiram?

Aqueles que ainda não viram a peça, vejam. E reflitam!

O que achou das perguntas?

Gostei! Gostei muito. Até agora só me fizeram perguntas perti-nentes à peça, e você me fez perguntas à meu respeito, ao meu trabalho... Gostei muito! Muito mesmo! Valeu.

Obrigado Gustavo. Eu é que agradeço. Desejo, além de mais e mais sucesso, um super aniversário. Beijo no coração.

Do amigo Antonio.

Sunday, July 1, 2007

" HOJE É DIA DO AMOR "

Gustavo Haddad
revela seu imenso talento e coragem vivendo um michê de luxo que celebra com sua dor a Quinta-feira Santa, depois de saber que um antigo amor se suicidou na mesma data. Para isso, ele perma-nece no palco o tempo inteiro nu e acorrentado em uma cruz.
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O trio, João Silvério Trevisan (autor), com a direção do pernambu-cano Antônio Cadengue e a arrebatadora e irrepreensível perfor-mance do GUSTAVO HADDAD fazem desse espetáculo um dos melhores, se não o melhor, dos últimos tempos na noite paulista.
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Escrito por João Silvério Trevisan, o monólogo aborda angústias da vida pós-moderna, em que "o homem vive constantemente de dor – por existir, por sentir prazer em atividades socialmente questioná-veis ou por querer ter algo que não tem".
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João Silvério Trevisan, autor de pérolas da literatura brasileira, como "Devassos no Paraíso", "Ana em Veneza", "Em Nome do De-sejo" e tantas outras mais. Ele ainda a coluna "OLHO POR OLHO" na revista G MAGAZINE e leciona técnica literária.
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Antônio Cadengue, diretor pernambucano do mais alto quilate, re-centemente adaptou para os palcos o texto do livro "Em Nome do Desejo", também do Trevisan, que excursionou pelo Brasil com grande elenco.
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Gustavo Haddad, bem, nem preciso falar. Já tinha se revelado um ótimo ator , tanto na televisão como no teatro. Mas tenho que dizer que aqui ele se superou e muito. Seu corpo escultural e APOLÍNEO certamente abrilhanta ainda mais a montagem, o que de fato passa até ser relevante, dada a maneira como o texto é dito, sussurrado e em outros momentos, gritado.
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A platéia LOTADÍSSIMA, até porque foi feita uma matéria para a revista G Magazine, na qual Gustavo aparecia sem roupa, amarrado numa cruz de ferro e, é claro que para os menos esclarecidos, tratava-se, talvez, de um espetáculo pornô. Grande engano!
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Já ao entrar na sala de espetáculos, o público passa a ficar meio constrangido, porque encontra um imenso espelho no palco, e tem a sensação de que estará sendo mostrada a "face oculta" de cada um. Nem imaginam o que os aguarda. Começa o espetáculo e os espelhos de abrem, revelando o ator NU, apenas calçando botas, de joelhos, como se suplicasse algo do público, amarrado a uma cruz de ferro, pelos pulsos, apresentando como atributo de cenografia, os maravilhosos painéis do artista plástico Paulo Sayeg.
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Trava-se então um diálogo entre o escravo e o seu master (o seu senhor), deixando despida toda a fragilidade e o sofrimento, tão presente em nós, seres humanos. Trevisan se utiliza da metáfora do Universo Sado-Masoquista para construir um diálogo do HOMEM FRÁGIL E MORTAL com "UM DEUS" ETERNO e TODO-PODEROSO! 10 minutos de texto CONTUNDENTE e que vai DESNUDANDO também a paixão, a dor, o sofrimento, as dúvidas, a religião, a fé e abordando temas profundos como a aods, a morte, a ética, a prostituição, o dinheiro, a felicidade, ... quando a platéia começa a ficar inquieta. Alguns não param de acionar o mostrador luminoso do seu relógio, pois a maioria, infelizmente, não consegue compartilhar dessa "VIAGEM PELO MUNDO DA NOSSA INCOMPLETUDE". Percebem não se tratar mesmo de um espetáculo pornô. Infelizmente muitas érolas são jogadas aos porcos.
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Certas atitudes, consideradas moralmente condenáveis, nos levam ao nosso submundo interior, para realizarmos nossos desejos e suprirmos nossas dores, mesmo que, pra isso, ainda tenhamos que sentir mais dor. Ninguém consegue sair do teatro sem ter sido chacoalhado nas suas dúvidas, dores e pensamentos.
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A peça "Hoje é Dia do Amor" esteve em cartaz Espaço Satyros 1, na Pç Roosevelt, região central de São Paulo. Infelizmente acabou a temporada, mas tenho certeza de que logo logo estará de volta.
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