Sunday, January 7, 2018

TÉCNICAS DE VOZ, POSTURA E COMUNICAÇÃO PARA PALESTRANTES

É importante saber como comunicar com sinais positivos, cravar nossa marca pessoal, nosso estilo próprio. Podemos transmitir sinais negativos através da postura, da voz e dos gestos, e é necessário conhecer quais são, pois podem transmitir imagens inadequadas a nosso respeito.

A comunicação é uma ferramenta bastante importante nos dias de hoje, tanto no ponto de vista pessoal, quanto no ponto de vista profissional. Na verdade a comunicação nos revela para as pessoas e passa uma ideia muito forte de como somos, como nos sentimos em cada momento e em cada situação.

É importante entender que emitimos sinais para as pessoas enquanto nos comunicamos. Esses sinais podem ser positivos ou negativos e é importante que saibamos identificar quais são esses sinais, pois funcionam como a nossa marca pessoal, como nosso estilo próprio. Muitas vezes podemos transmitir sinais negativos e é necessário conhecer quais são esses sinais para podermos interferir e melhorar, pois produzem características negativas como ruídos de comunicação, transmitindo imagens inadequadas a nosso respeito. Esses sinais, na prática, são emitidos para as pessoas por meio de três condições:

1- Condição corporal

O movimento do corpo, a maneira como nos colocamos e os gestos que utilizamos produzirão um determinado impacto. A postura, é a maneira como nos colocamos corporalmente. Nossa postura passa impressões muito fortes a nosso respeito. Estudos apontam que cinquenta e cinco por cento do impacto na comunicação vem da imagem que passamos com o nosso corpo. Por esta razão é de extrema importância destacar as características principais que devemos entender para transmitir a imagem correta, a fim de que o ouvinte absorva ao máximo a ideia que pretendemos passar.

É importante sempre adotarmos uma postura ereta e confortável, em que nos coloque de frente para as pessoas com quem iremos nos comunicar. Quando utilizamos esse tipo de postura passamos a impressão para as pessoas de que somos totalmente seguros em relação ao assunto que estamos tratando e, principalmente, que nos sentimos motivados e confiantes em nos comunicar.

Se sentimos insegurança em relação ao que estamos falando, é comum que nos apresentemos com uma postura mais humilde, com o corpo levemente inclinado para baixo, ombros caídos, ou ainda, cabeça voltada para o chão. Se adotamos esse tipo de postura ao expormos nossas ideias, o ouvinte terá, automaticamente, a impressão de que não nos sentimos seguros, que não temos muita certeza em relação ao conteúdo que estamos transmitindo. Portanto é uma postura derrotada e de insegurança e não passará a firmeza necessária numa reunião de negócios ou em uma palestra.

Por outro lado devemos também tomar cuidado com as posturas exageradas. Se posicionarmos de uma forma ereta, mas extremamente rígida, certamente passaremos a ideia de esnobismo e de antipatia e consequentemente afastará as pessoas, fazendo com que estas percam o interesse em captar o conteúdo da fala.

Em relação aos gestos, sabemos que é algo natural e automático quando nos comunicamos. Os gestos fazem parte da comunicação do nosso dia a dia, seja em um diálogo pessoal ou profissional. Basicamente utilizamos dois tipos de gestos de maneira natural em nossos diálogos: os gestos de ênfase e os gestos simbólicos.

O primeiro é um gesto que demonstra ênfase, que signi-fica destacar um determinado trecho durante a fala, e que é marcado, por exemplo, com o movimento das mãos. Durante um diálogo, ou uma narrativa, o corpo interage através de gestos e nos momentos da fala em que queremos enfatizar algo, costumamos fazer movimentos para salientar este trecho, o que é visto com uma condição natural. Por exemplo, erguer as mãos para transmitir a ideia de altura.

Outro gesto que é muito utilizado é o simbólico, aquele que realizamos de forma a neutra-lizar ou suavizar a narrativa, quando não pode enfatizar determinados trechos, ou não pode demonstrar seus próprios sentimentos em relação aos fatos narrados. Esses gestos podem ser, por exemplo, uma mão sobre a outra, com as mãos apoiadas em algum lugar ou com os dedos cruzados, gestos esses que podemos identificar muito em apresentadores de telejornais. Todas essas são posições neutras que intermediarão esses gestos e a narrativa.

Devemos nos atentar para que esta posição neutra não permaneça durante toda a narrativa, sendo necessário realizar uma variação de movimentos neutros no decorrer do tempo. Devemos evitar repetir sempre o mesmo gesto, voltando sempre para a mesma posição neutra, pois se não houver variações o narrador passará a ideia de algo muito artificial.

No que se refere à expressão facial devemos entender que o nosso rosto é visto pelo ouvinte a partir de dois planos. O primeiro é um plano superior, que abrange a ponta do nariz para cima até o topo da cabeça, onde os olhos têm maior carga expressiva e causarão maior impacto durante a comunicação. O segundo é um plano inferior, da ponta do nariz para baixo até o queixo, onde a boca será a maior responsável pela carga expressiva. É de extrema importância passar ao ouvinte a impressão de harmonia desses dois planos. Assim, durante o discurso, o locutor deve falar movimentando bem a boca e realizando movimentos com os olhos e com a testa, que devem se harmonizar e serem coerentes entre si.

Devemos estar atentos para não cometermos alguns erros comuns em relação à expressão facial, para que o discurso não se torne exagerado, caricato ou artificial. Um dos erros mais comuns ocorre quando o locutor/narrador está muito inseguro em relação à situação e articula muito pouco os lábios, falando com a boca quase fechada. Como disse anteriormente, a parte de baixo do rosto é um dos focos de atenção durante um diálogo e a boca é o ponto principal. Se o narrador quase não movimenta os lábios, acaba perdendo expressão e prejudicando o conteúdo que pretende expor. Estará nítida sua insegurança e isso chamará muito a atenção.

Outro erro comum ocorre quando o narrador/locutor está muito tenso ou preocupado com a situação, e nestes casos é comum exagerar um pouco mais nas expressões faciais, franzindo a testa ou apertando os olhos. Ao realizar essas manobras o locutor passará a impressão muito forte de que realmente aquela situação o está incomodando de alguma forma.

Um último exemplo ocorre quanto o locutor está assustado com a situação e acaba arregalando os olhos, o que chamará a atenção do ouvinte para estes gestos.

2-  A maneira como falamos

A maneira como colocamos a nossa voz, as pausas, as ênfases que utilizamos em um discurso, também produzirão um determinado impacto.

A fala pode acontecer a partir de várias modulações, entonações, pausas e padrões diferenciados que produzem determinado impacto e diversos efeitos. Dois pontos são de extrema importância na fala: a modulação e a pausa, pois dependendo da maneira que são utilizados, podem ajudar ou prejudicar um discurso.

Modulação é o tom que a voz deve estar quando queremos transmitir uma mensagem. É o processo de variação de altura, de intensidade da voz. As pessoas modulam o tom da voz para produzir a fala e a cada final de frase ocorrem três possibilidades de modulação. As frases podem ser finalizadas num padrão ascendentedescendente ou linear. No ascenden-te temos o aspecto final da frase como se fosse uma surpresa, como se estivéssemos falando de algo animado, alegre, festivo, ou até de espanto. No descendente o narrador fala de algo mais sério, triste, ou envolvendo um lamento, finalizando a frase com pouca modulação de voz, diminuindo o tom da fala ao final. No linear, que é o padrão mais comum em uma narrativa ou discurso, não há muita variação na modulação da voz, que se manterá praticamente no mesmo tom ao longo de toda a fala, sem ênfases. Ocorre quando há a narrativa de coisas sem muito conteúdo atrelado ao aspecto emocional.

pausa é outro aspecto de extrema relevância, pois além de ter uma conotação didática, é utilizada para garantir que o ouvinte está entendendo perfeitamente todo o conteúdo do discurso. Quanto mais dificuldades de compreensão são identificadas no ouvinte, mais pausas serão utilizadas. Ao contrário, se o ouvinte possui uma rápida compreensão da narração, o número de pausas entre as frases deve ser menor para não deixar o discurso entediante.

As pausas devem ser dosadas para que todo o conteúdo possa atingir de maneira eficiente o ouvinte, separando blocos de significados de forma que ele realmente tenha oportunidade de acompanhar todo o raciocínio. Pausas encaixadas em trechos inadequados farão com que o ouvinte note algo artificial e sem lógica e sem sentido. Por outro lado, se o discurso não apresenta qualquer pausa, transmite a impressão de que o narrador não possui preocupação com o entendimento ou compreensão do ouvinte. Assim, a pausa é um elemento muito importante e deve ser utilizada para enfatizar determinados trechos dentro do discurso. Toda vez que ocorre uma pausa é como se colocasse um holofote na informação que vem a seguir, portanto é um recurso que deve ser utilizado nos locais corretos e de maneira dosada.

3- Aspectos vocais

Estão relacionados com a maneira como utilizamos a voz.

Um recurso muito importante é o da ênfase. Quando enfati-zamos uma palavra, agregamos valor a ela. O intuito da ênfase é demonstrar ao ouvinte a importância ou relevância de determinado trecho para que ele possa identificar como sendo fundamental para sua compreensão, quase como uma mensagem subliminar que deixará em evidência aquele momento. A ênfase está muito associada à ideia de entusiasmo na comunicação e produz um impacto interessante no ouvinte, chamando a sua atenção, transmitindo a impressão de motivação. Pode transmitir a ideia de urgência ou até diretrizes em uma determinada ação.

Como exemplo, podemos utilizar a frase: “Precisamos relacionar novos clientes hoje”. Neste caso, se a ênfase for direcionada à palavra “hoje”transmitiremos ao ouvinte a necessidade de urgência na ação. Se alterarmos a ênfase para a palavra “novos”, transmitiremos a necessidade de um plano de ação para captação de novos clientes e não adotar medidas para clientes já existentes.

Outro recurso da fala diz respeito à duração das vogais. As vogais produzem um impacto muito importante em um discurso, pois dependendo do tipo de duração, transmite certos sinais ao ouvinte. Se o narrador utilizar uma duração muito curta de vogais, transmitirá a ideia de muita objetividade. Ao contrário, a utilização de uma vogal muito longa transmitirá a impressão de mais subjetividade. Assim, se há a necessidade de dar uma ordem ou passar uma informação de maneira precisa, como em uma reunião da empresa, por exemplo, as vogais não devem ser proferidas de maneira longa e duradoura, pois é um discurso que deve passar ideia de mais objetividade.

Ressonância é um sistema de repercussão de sons que vibram em frequência própria com amplitude acentuadamente maior, como resultado de estímulos externos que possuem a mesma frequência de vibração. A nossa voz é produzida no nível das pregas vocais, que são estruturas musculares em formato de “V”, posicionadas na laringe, paralelas ao chão. O som que é produzido nas pregas vocais é muito fraco, precisa ser amplificado para ganhar projeção, e é essa amplificação que denomina-mos ressonância.

Nós temos basicamente três cavidades de ressonância que envolvem a projeção da voz, que são bocagarganta e a cavidade nasal. Desta forma, para nos comunicarmos adequadamente, devemos saber utilizar de forma equilibrada estas cavidades, transmitindo ao ouvinte a sensação de conforto na produção da fala, o que é bastante positivo para o diálogo.

Entretanto pode ocorrer algum desequilíbrio nessa utilização, jogando, por exemplo, o foco da emissão do som todo na garganta, provocando uma sobrecarga desta que realizará, sozinha, o trabalho que deve ser desempenhado com o equilíbrio das três estruturas acima mencionadas. Se isso ocorrer o narrador causará a impressão de uma pessoa com pouca
energia, de uma pessoa triste ou deprimida.

Pode ocorrer também o desenvolvimento de um padrão atípico, sem a utilização de cavidade nasal. Ocorre como se o narrador estivesse muito gripado naquele momento, passando a impressão de falta de contato, porque o nariz é muito relacionado ao aspecto afetivo e emocional. Ainda, pode ocorrer de o narrador utilizar de maneira exagerada a cavidade nasal, com o som ressoando somente na faringe, transmitindo a impressão de uma pessoa mais fútil ou menos preparada profissionalmente. A voz, neste caso, sai com som totalmente anasalado, o que também é muito negativo em um diálogo.

voz é uma das projeções mais fortes e marcantes da personalidade de cada indivíduo e incorpora características vocais na comunicação de forma automática, sem que ele note que isso acontece. Este processo ocorre de maneira absolutamente intuitiva e subjetiva, revestindo-se de grande importância no cuidado que se deve ter para alcançar a qualidade e o tom necessários para a comunicação.

No que tange à qualidade vocal, é recomendado que seja realizado um trabalho de forma neutra, com o intuito de transmitir a impressão de conforto, de uma fala tranquila e controlada. Porém a qualidade vocal nem sempre é neutra, pois algumas pessoas acabam desenvolvendo uma característica de rouquidão que pode ocorrer devido a algum problema fisiológico, ou simplesmente pela própria característica natural, e transmitirá a ideia de desconforto.

Para manter uma boa qualidade vocal é imprescindível a realização de cuidados diários com a voz, dentre eles manter sempre bem hidratadas as pregas vocais, seja antes, durante ou depois de um discurso, assim como realizar aquecimentos específicos para a fala, manter uma alimentação adequada e evitar o consumo de alimentos ou produtos que possam anestesiar as pregas vocais e prejudicar a qualidade da fala, podendo ocasionar danos mais graves.

tom da voz pode variar de grave para agudo, sendo que cada variação causa um impacto diferente no ouvinte. A voz mais grave, que tende a ser mais grossa, transmite a ideia de firmeza e seriedade, ou até uma ideia imperativa, de ordem, de uma pessoa mais madura ou profissional. Já uma voz bem aguda, ou seja, bem fi na, causa a impressão de uma pessoa mais alegre, mais solta, ou até mais insegura ou imatura. É importante destacar que estas características apenas causam ao ouvinte uma primeira e superficial impressão acerca do narrador. No entanto, a maneira correta de colocar a voz durante um discurso, independente de a voz ser grave ou aguda, fará a diferença para o entendimento adequado de todo o raciocínio pelo ouvinte.

Outra condição importante é a intensidade da voz, ou seja, o volume utilizado para a comunicação, que pode ser baixa, média ou alta. A baixa intensidade transmite a impressão de falta de segurançaComo exemplo, uma pessoa que preside uma reunião de negócios e fala extremamente baixo acaba gerando dúvida nos demais participantes da reunião, devido a sensação de segurança sobre o que está falando. Ao contrário desta, uma pessoa que em uma reunião de negócios fala extremamente alto, ou seja, com uma alta intensidade, passará a impressão de que está invadindo o espaço do ouvinte, sendo uma pessoa arrogante, agressiva ou intransigente, gerando um alto índice de rejeição.

O discurso mais adequado é aquele que se desenvolve em uma intensidade mediana, para que a narrativa seja confortável e agradável aos ouvidos de quem está presente.

A respiração é realizada por três meios distintos: nasaloral, ou mista, que ocorre quando inspiramos simultaneamente pelo nariz e pela boca, como por exemplo quando levamos um susto. Independentemente do meio em que ocorre a inspiração, o indivíduo deve estar atento ao direcionamento do ar para que obtenha uma melhor performance em seu discurso, sem apresentar cansaço, fadiga ou falta de ar. Para evitar essas circunstâncias é recomendado o direcionamento do ar para a região abdominal, desenvolvendo assim a respiração conhecida como diafragmática.

Existem diversas formas de respiração, sendo a respiração diafragmática ou abdominal, assim como a respiração torácica, a mais comum. Para a realização da respiração diafragmática, o ar que é inspirado deve ser direcionado para o abdome, gerando a expansão do diafragma. Da mesma forma, ao expirar, o ar é comprimido no diafragma e essa compressão vai direcioná-lo com uma maior intensidade e maior projeção para as pregas vocais, possibilitando um melhor controle do som para as cavidades de ressonância, a fim de obter o melhor resultado na hora da comunicação.

O profissional que utiliza a voz como seu instrumento de trabalho deve estar atento a todos os exageros ou vícios da fala que possam mascarar e prejudicar o seu desempenho. A melhor maneira de obter êxito em seu discurso é adotar padrões de fala neutros, equilibrados, de forma clara e precisa, para que o ouvinte possa captar todos os pormenores envolvidos no diálogo.

Com toda essa informação, tenho certeza de que novos palestrantes surgirão. Quero ver todos vocês tendo êxito em suas palestras e apresentações. O seu sucesso depende da informação pessoal que você passa, antes mesmo do conteúdo.


SUCESSO!!!